quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Enuma Elish - Tábua VI

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  1. Quando Marduk ouviu o discurso dos deuses,
  2. Ele teve o desejo de realizar uma obra de grande engenhosidade.
  3. Ele abriu a boca e dirigiu-se a Ea,
  4. E falou-lhe aquilo que havia concebido em seu coração:
  5. "Meu sangue eu juntarei e fabricarei osso,
  6. Eu farei existir o Lulu, cujo nome será "homem".
  7. Eu farei a criatura Lulu.
  8. E essa criatura realizará a labuta dos deuses e podereis descansar.
  9. Eu alterarei o modo como os deuses são vistos:
  10. E, embora todos sejam unidos, eu os dividirei em duas variedades." 
  11. Ea respondeu dirigindo palavras a ele,
  12. Expressando suas considerações sobre o descanso dos deuses:
  13. "Que um dos deuses  seja entregue e punido,
  14. Deixai que ele pereça para que sirva de exemplo.
  15. Que os grandes deuses se reúnam em assembleia,
  16. E que o culpado pela guerra contra Tiamat seja entregue."
  17. Marduk reuniu os grandes deuses.
  18.  Usando sábias palavras ele deu suas ordens.
  19. Os deuses concentraram-se no discurso.
  20. Ele dirigiu a palavra aos Anunnaki:
  21. "Vosso juramento foi verdadeiro.
  22. E agora, novamente, dizei-me a solene verdade,
  23. Quem foi aquele que iniciou a guerra?
  24. Quem enfureceu Tiamat e colocou o conflito em curso?
  25. Que aquele que começou a guerra seja entregue!
  26. Que eu imponha minha punição a ele enquanto vós descansais."
  27. Os Igigi, grandes deuses ouviram
  28. E responderam a Lugaldimmerankia, o senhor dos deuses:
  29. "Foi Kingu quem iniciou a guerra.
  30. Foi Kingu quem enfureceu Tiamat e fez colocou conflito em curso."
  31. Eles o trouxeram e seguraram perante Ea.
  32. Eles infligiram-lhe a penalidade e cortaram seus vasos sanguíneos.
  33. E do sangue dele, Ea criou a humanidade.
  34. E à humanidade ele impôs o serviço pesado que foi tirado dos deuses.
  35. O sábio Ea criou a humanidade,
  36. E investiu-a com a labuta dos deuses-
  37. Uma labuta além da compreensão.
  38. Ea Nundimmud Usara a habilidade de Marduk em sua criação.
  39. E então, o Rei Marduk dividiu os deuses.
  40. Dividiu os Anunnaki entre os níveis superiores e inferiores.
  41. Ele colocou 300 deles nos domínios celestiais para guardar os decretos de Anu.
  42. E os nomeou guardiães.
  43. Depois ele organizou o submundo,
  44. Onde colocou outros 600.
  45. Depois de organizar todos os decretos,
  46. E haver distribuído funções entre os Anunnaki celestiais e do submundo,
  47. Os Anunnaki abriram suas bocas,
  48. E dirigiram-se a seu senhor, Marduk:
  49. "Agora que estabeleceste nossa liberdade, senhor,
  50. O que podemos fazer em agradecimento?
  51. Faremos um santuário de grande renome.
  52. Tua casa será nosso local de descanso onde poderemos repousar.
  53. Construiremos um santuário que abrigará um pedestal,
  54. Onde poderemos repousar depois do trabalho da construção."
  55. Quando Marduk ouviu isso ,
  56. Ele resplandeceu como a luz do dia.
  57. "Construí vós a Babilônia, esta é a missão que procurastes.
  58. Que os tijolos sejam moldados e que o santuário seja erguido."
  59. Então, os Anunnaki empunharam as ferramentas.
  60. Durante um ano inteiro eles fabricaram tijolos.
  61. Quando o segundo ano chegou,
  62. Eles ergueram o pico de Esagil, a réplica de Abzu.
  63. E construíram uma torre suntuosa para Abzu.
  64. Construiram um [...] para Anu, Enlil e Ea.
  65. Cheio de esplendor ele era.
  66. Eles contemplaram suas torres que faziam frente a E-sara.
  67. Depois que haviam completado o trabalho em Esagil,
  68. Cada Anunnaki construiu seu próprio santuário.
  69. Os 300 Igigi dos céus e 600 do Abzu fizeram uma assembleia.
  70. Bel-Marduk recebeu os deuses, seus ancestrais
  71. No suntuoso santuário que eles haviam construido para ser sua casa. 
  72. Ele disse: "Esta é a Babilônia, vosso local de descanso.
  73. Ficai à vontade aqui. Descansai com alegria."
  74. Os grandes deuses se sentaram.
  75. Canecas de cerveja foram servidas na mesa.
  76. Depois que eles haviam desfrutado,
  77. Eles foram servidos na fabulosa Esagil.
  78. As leis e os regulamentos foram todos confirmados.
  79. Todos os deuses dividiram as estâncias do céu e do submundo.
  80. O grupo dos cinco maiores deuses tomaram seus assentos.
  81. Os sete deuses dos destinos foram nomeados para tomar decisões.
  82. Bel tomou sua arma, o arco, e apresentou-o a eles.
  83. Seus ancestrais divinos viram a arma que ele havia feito.
  84. Eles viram o quão fora habilidosa a forja de sua estrutura.
  85. E eles louvaram aquilo que ele havia feito.
  86. Anu pegou-o e o ergueu perante a divina assembleia.
  87. Ele beijou o arco dizendo: "Esta é minha filha."
  88. E ele chamou o arco por seus nomes:
  89. "Longa Vara" foi o primeiro; o segundo foi "Aquele que acerta o alvo".
  90. Com o terceiro nome: "Arco Estrelar", ele o fez brilhar no céu.
  91. E fixou sua posição celestial junto com seus divinos irmãos.
  92. Depois que Anu havia decretado o destino do Arco,
  93. Ele preparou um trono real, suntuoso demais até mesmo para um deus.
  94. E ali ele fez a reunião dos deuses.
  95. Os grandes deuses se reuniram.
  96. Eles exaltaram o destino de Marduk e juraram obediência.
  97. E invocaram uma maldição sobre si mesmos.
  98. Fizeram um juramento com óleo e água e colocaram as mãos em suas gargantas.
  99. E garantiram a Marduk o direito de exercer o governo sobre os deuses.
  100. Eles o proclamaram Senhor dos deuses do céu e do submundo.
  101. Anshar deu-lhe um nome exaltado: Asalluhi:
  102. "Quando este nome for pronunciado, demonstraremos nossa submissão.
  103. Quando ele falar, que os deuses lhe deem atenção.
  104. Que seu comando seja supremo nas estâncias superiores e inferiores..
  105. Que o Filho, nosso Vingador seja exaltado.
  106. Que seu reinado seja supremo e que ele não tenha rivais.
  107. Que ele seja o pastor de suas criaturas, os cabeças-pretas (humanidade).
  108. Que eles propaguem a figura de seu rei para as gerações vindouras.
  109. Que eles produzam comida em abundância para oferecer a seus antepassados.
  110. Que eles sejam os vigias e cuidadores dos santuários.
  111. Que ele queime o incenso para alegrar os templos.
  112. Que ele  faça na terra o mesmo que fez no céu.
  113. Que ele nomeie os cabeças-pretas para idolatrá-lo.
  114. O sujeito humano deverá chamar seus deuses.
  115. Quando ele comandar, eles deverão obedecê-lo.
  116. Que oferendas de comida sejam trazidas para seus deuses e deusas.
  117. Que eles não se esqueçam; que eles lembrem-se de seus deuses.
  118. que eles [...] seus [...] santuários
  119. Mesmo que os cabeças-pretas adorarem algum outro deus,
  120. Eles deverá sempre ser o deus de cada um de nós!
  121. Vinde, chamemos seus cinquenta nomes.
  122. Aquele cuja natureza é resplandecente assim como suas conquistas.
  123. (1) MARDUK, como ele foi chamado por seu pai no dia em que nasceu.
  124. Aquele que fornece pastos e os rega, fazendo-os florecer.
  125. Que aprisionou a besta orgulhosa com sua arma, a Tempestade Diluviana.
  126. E salvou seus ancestrais, os deuses, da destruição.
  127. Ele é o Filho, o Deus-Sol, ele resplandece.
  128. Caminhemos sempre a seu lado.
  129. Às pessoas que ele criou, os seres vivos,
  130. Ele impôs a labuta dos deuses e nós pudemos descansar.
  131. Criação e aniquilação, piedade e castigo,
  132. Tudo acontece sob seu comando, então que eles fixem seu olhos sobre ele.
  133. (2) MARUKKA: o deus criador.
  134. Que colocou os Anunnaki em paz e os Igigi para descansar.
  135. (3) MARUTUKKU: a fundação da terra, das cidades e dos povos.
  136. Então que os povos sempre o saúdem.
  137. (4) MERSHAKUSHU: feroz, porém ponderado, raivoso, mas atencioso.
  138. Sua mente é ampla e seu coração é todo-abragente.
  139. (5) LUGALDIMMERANKIA: este é o nome que demos a ele.
  140. Aquele cujo comando fora exaltado acima dos deuses, seus antepassados.
  141. Ele é o senhor de todos os deuses do céu e do submundo.
  142. O rei que ordena e faz tremer as estâncias superiores e inferiores.
  143. (6) NARILUGALDIMMERANKIA: este é o nome que demos a ele, o mentor dos deuses.
  144. Que estabeleceu nossas moradas no céu e no submundo em tempos tumultuados. 
  145. Que distribuiu as estâncias celestiais entre os Igigi e os Anunnaki.
  146. Que os deuses temam seu nome e tremam com sua voz.
  147. (7) ASALLUHI: o nome pelo qual seu pai Anu o chamou.
  148. Ele é a luz dos deuses, um heróis poderoso.
  149. Como seu nome diz, ele é o protetor dos deuses e das terras.
  150. Aquele que num combate terrível salvou nossos lares em tempos turbulentos.
  151. (8) ASALLUHI-NAMTILA: como o chamamos na segunda vez, o deus que concede a vida.
  152. Que em concordância com seu nome restaurou todos os deuses em ruína.
  153. O senhor que trouxe os deuses mortos de volta à vida com seu encantamento puro.
  154. Louvemo-lo como destruidor dos perversos inimigos.
  155. (9) ASALLUHI-NAMRU: como o chamamos na terceira vez.
  156. O deus de pureza que limpou nossas vidas."
  157. Anshar, Lahmu e Lahamu chamaram-no por três nomes diferentes.
  158. Eles dirigiram-se aos deuses, seus filhos:
  159. "Cada um de nós o chamou por um nome diferente,
  160. Agora chamem seus nomes como nós o fizemos."
  161. E os deuses regozijaram ao ouvir aquelas palavras.
  162. Eles fizeram uma reunião em Upshuukkinaki.
  163. "Do guerreiro filho, nosso Vingador,
  164. Exaltemos o nome do provisionador."
  165. Eles sentaram-se na assembleia determinando os destinos,
  166. E, de acordo com os ritos apropriados, eles chamaram os nomes:
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