quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A História de Osíris, Set e Hórus

 Os filhos de Geb e Nut foram Osíris, ÍsisSet e Néftis.

Osíris

Osíris
Osíris se casou com sua irmã Ísis Set se casou com sua irmã Néftis. 
Osíris está associado com a vida após a morte e a ressurreição. Ele é comumente representado como um homem mumificado em cima do símbolo de Maat usando o Atef que combinava a coroa branca do alto Egito com duas penas de avestruz. Em suas mãos estavam o mangual e o cajado reais, símbolos da autoridade do faraó. A cor verde de sua pele simbolizava a ressurreição dos mortos e fazia alusão ao verde que surgia depois das épocas de seca e depois das cheias do Nilo que era quando as terras "voltavam à vida após o período de morte". Embora a versão mais difundida seja a que ele era filho de Geb e Nut, uma versão mais obscura sugere que ele era filho de Rá.

Osíris é um dos deuses mais importantes da antiga religião egípcia. Seu nome significa "muitos olhos"

Set

Set
Set é o deus que representa o ar seco do deserto e os períodos de seca eram a ele atribuídas. Ele era também associado à violência, às tempestades do deserto e aos estrangeiros. Era representado como um animal desconhecido que os egiptólogos chamam de "animal de Set" que pode ser alguma animal que existiu antigamente e agora está extinto ou a mistura de vários animais ou, ainda, um animal mítico. Outras vezes ele é personificado pela figura do hipopótamo, criatura selvagem e violenta.
Set em sua forma totalmente animal

Apesar de ser o inimigo de Osíris e personificar, até certo ponto, o mal e a desordem, Set não era uma entidade totalmente maligna e não personificava as forças do caos, como alguns intérpretes das mitologia alegam.Segundo o mito, todas as noites, quando (o sol) descia ao submundo, Set lutava contra a serpente Apófis que personificava as verdadeiras forças do caos para impedir que ela destruísse a Ordem das coisas.

Ísis e Néftis


Ísis
Néftis
Existem muitas semelhanças entre Ísis e Néftis e, ao contrário de seus irmãos, sua relação sempre foi harmoniosa.
As duas eram chamadas de "Grande Mãe" e os atributos e funções de ambas eram muito parecidos. Certas versões da história fazem confusão com os pares e colocam Néftis como esposa de Osíris e Ísis como esposa de Set. 

Ísis era representada como uma mulher usando a figura de um trono no alto da cabeça, símbolo da rainha. Várias vezes ela aparece com asas nos braços e  também com chifres que carregam o disco solar vermelho no meio.

Néftis era mostrada como uma mulher usando na cabeça a figura de uma casa com um cesto em cima, algo parecido com uma jarra, símbolo da feminilidade. Outras vezes ela aparece com asas nos braços iguais aos de sua irmã.
Aqui os símbolos de Ísis e Néftis e são invertidos. Ísis está à esquerda (como ela era rainha, o trono encimava sua cabeça). Néftis está à direita com a figura em forma de jarra na cabeça, mas aqui ela possui as asas que são mais comumente atribuídas a Ísis. No meio das duas está Osíris antes de ser mumificado.

O Complô de Set

Como Osíris era o primogênito de Geb, ele e Ísis tornaram-se o rei e rainha da Kemet (nome original das terras do Egito) quando Geb abdicou ao trono.

Naquela época os seres humanos levavam uma vida primitiva na pré-história. Sob o reinado de Osíris a humanidade aprendeu os fundamentos da civilização. Ele levou aos povos do neolítico o conhecimento das bases da agricultura, domesticação de animais, o culto à natureza do universo (neteru/deuses) e lhes deu leis. Toth agraciou a humanidade com suas criações: matemática, escrita, arquitetura, artes, ciências engenharia, etc. Logo o povo de Kemet atingiu altos graus de sofisticação e prosperidade.

Porém, Set, que governava os desertos alimentava uma grande mágoa contra seu irmão, Osíris. Os motivos de seu ressentimento eram vários. De acordo com os Textos das Pirâmides, além de almejar o trono, Set também queria se vingar por Osíris ter mantido relações sexuais com sua esposa/irmã Néftis, o que resultou no nascimento de Anúbis (dependendo da versão ela seduziu ou foi seduzida por Osíris ). Set também queria revanche por um chute que teria levado de seu irmão.

Com a ajuda de setenta e dois conspiradores, bolou um plano para eliminá-lo.

Set convidou Osíris para um banquete. No decurso da festa ele apresentou um sarcófago e disse aos convidados que era um presente que ele daria àquele que nele coubesse. Um a um, os comparsas de Set foram entrando no sarcófago e, como nenhum deles cabia, Osíris decidiu experimentar. Mas o que ele não sabia era que o objeto havia sido feito com sua medidas e, assim que ele entrou, Set e seus conspiradores fecharam e trancaram Osíris. Então eles jogaram o sarcófago no rio Nilo sua correnteza o arrastou até as águas do Mar Mediterrâneo.

A Busca de Ísis

Desesperada com o ocorrido, Ísis sai em busca do marido/irmão. Ela segue o rio até a desembocadura no mar e chega à cidade de Kypt (Biblos) onde descobre que os galhos de uma árvore (tamareira) haviam crescido ao redor do sarcófago envolvendo-o completamente. Está árvore havia sido cortada e usada para fazer uma coluna do palácio real local. Para poder retirar o sarcófago que agora estava incrustado profundamente na coluna do palácio, Isis precisou tornar-se ama da rainha que, segundo algumas versões, não era ninguém menos que Astarte, a divindade mítica da Babilônia (lá ela era conhecida por "Baalate", forma feminina para Baal).
Astarte, ou Ishtar da Babilônia, rainha de Biblos.
Em algumas versões, a rainha ajuda Isis a retirar a coluna do palácio e, então, ela volta ao Egito com o sarcófago de seu marido. Porém, em outra versão, Astarte não estava tão disposta a ajudar a rainha egípcia e precisava ser persuadida.

Tentando convencê-la a devolver-lhe o sarcófago de seu marido, Isis, que era uma grande mestre nas artes mágicas, tenta conceder imortalidade ao filho mais novo dela expondo-o ao fogo, mas acaba matando-o. Durante o caos que se seguiu à morte do príncipe, Ísis retirou a coluna do palácio onde estava Osíris, sequestrou o filho mais velho de Astarte e fugiu de volta para o Egito.

Chegando lá, o rapaz a surpreendeu ao beijar o rosto de Osíris. O olhar que ela dirigiu a ele foi tão cheio de fúria que ele morreu naquele instante.

Set ficou sabendo que Isis havia recuperado o sarcófago de seu irmão. Ele o encontrou e o esquartejou picotando seu corpo em diversos pedaços (a quantidade de pedaços difere de acordo com as diferentes versões da história) e espalhou-o pelo deserto, com exceção de seu pênis que foi jogado no Nilo.

A Ressurreição de Osíris

Osíris sentado no trono. Atrás dele estão Ísis e Néftis.
Na flor à sua frente estão os quatro filhos de Hórus
que representam aspectos do ritual de embalsamento.





Mesmo após o esquartejamento de seu marido, Isis não desistiu. Transformou-se numa ave e, com a ajuda de sua irmã, Néftis, encontrou um por um os pedaços espalhados, juntou tudo e Anúbis, criador das técnicas de embalsamento, envolveu Osíris em bandagens fazendo dele a primeira múmia da história Ísis, mestre que era nas artes mágicas de vida e morte, preencheu-o com o Sopro da Vida, o Pneuma e o trouxe de volta dos mortos.

No entanto, Osíris não estava completo. Faltava o pênis que havia sido comido por um peixe. Então ela fabricou um pênis que, de acordo com as diferentes versões da história, foi feito com diferentes materiais: galhos de árvore, ouro ou simplesmente  magia. Ela pousou sobre o ombro de Osíris, Thot retirou o sêmen dele e usou para inseminar o ventre de Ísis. E assim nasceu Hórus.

A partir de então, Osíris foi viver no submundo tornando-se o rei daquela região e deus dos mortos.

Hórus

Hórus é uma das divindades mais importantes do panteão egípcio, apesar de ser filho de Osíris, várias interpretações da mitologia e filosofia egípcias o veem como reencarnação do mesmo. Nas escrituras, o faraó em vida era relacionado a Hórus, e, depois da morte era realacionado a Osíris.

 Uma estela de 1400 a.C., contém um hino sobre o nascimento de Hórus:
Hórus com a coroa dupla do
Alto e Baixo Egito
Oh benevolente Ísis
que protegeu o seu irmão Osíris,
que procurou por ele incansavelmente,
que atravessou o país enlutada,
e nunca descansou antes de tê-lo encontrado.
Ela, que lhe proporcionou sombra com suas calças
e lhe deu ar com suas penas,
que se alegrou e levou o seu irmão para casa.
Ela, que reviveu o que, para o desesperançado, estava morto,
que recebeu a sua semente e concebeu um herdeiro (Hórus),
e que o alimentou na solidão,
enquanto ninguém sabia quem era...
Néftis amamentando o
pequeno Hórus.
Ísis, após ter dado à luz Hórus, escondeu-o nas terras pantanosas do delta do Nilo, longe dos olhos de Set. Onde Néftis o criou amamentou. Ela é retratada em várias pinturas na forma de uma vaca que amamenta o pequeno Hórus. Os Textos das Pirâmides se referem a Isis como aquela que deu à luz e a Néftis como a mãe que o criou. (aqui novamente as figuras de Ísis e Néftis se misturam: as duas eram mãe de Hórus.)

Sua mãe sempre lhe dizia que ele deveria crescer para proteger o povo contra seu tio Set e que deveria vingar morte de seu pai.

Como Set representava a secura do deserto, muitos interpretam as brigas entre ele, Osíris e Hórus como sendo a ameaça de épocas secas que sempre chegavam no Egito.

Na maioria das vezes, ao nascer, um deus masculino tinha sua contraparte feminina que era seu oposto harmonioso. Como isso não aconteceu com Hórus, ele foi encontrar sua contraparte em Set, mas, como os dois eram masculinos, sua relação não foi de harmonia.


Uma das muitas trindades da mitologia. O pai (Osíris), o filho (Hórus) e a mãe (Ísis).

A Contenda de Hórus e Set 

(História completa aqui.)

Hórus cresceu num Egito governado por Set, e, quando atingiu a idade adulta, foi perante os deuses da Enéade afirmar que era verdadeiro herdeiro do trono e que Set devia ser deposto.

Depois de muita discussão na corte dos deuses, Set decidiu desafiar o sobrinho. O prêmio para o vencedor seria se tornar o novo Rei. Nesta época, Hórus começou a ser reverenciado no Baixo Egito (norte do Egito) enquanto que Set era cultuado no Alto Egito (sul do Egito).

Vários tipos de disputas aconteceram naquela época.

Briga de Hipopótamos

Os deuses da Enéade propuseram o seguinte desafio: Set e Hórus se transformariam em hipopótamos e, aquele que sobrevivesse mais tempo debaixo d'água seria o vencedor.


Depois de vários meses passados do início do desafio, nenhum dos dois dava indícios de que sairia da água tão cedo, então Ísis resolveu interferir novamente. Ela atirou um arpão na água mas acertou Hórus por engano. Na segunda tentativa, porém, ela acertou Set e o fisgou. Ela o havia subjugado e podia matá-lo, mas Set implorou para que ela o deixasse viver e Ísis acabou cedendo.

O famoso símbolo do
Olho esquerdo de Hórus
Quando descobriu que sua mãe havia, novamente, libertado seu inimigo, Hórus ficou furioso e decepou sua cabeça demonstrando aos outros deuses o quanto ele podia ser perverso. Set o perseguiu e, ao encontrá-lo dormindo, retirou seus dois olhos.

A deusa Hator encontrou Hórus solitário e chorando sem os olhos na montanha. Ela capturou uma gazela e retirou seu leite e o usou para restaurar os olhos de Hórus.

 

Disputa Homossexual

Os deuses da Enéade decretaram que uma trégua deveria ser feita e Set convidou Hórus para dornir em sua casa.
Para afirmar sua dominação sobre Hórus, Set seduziu-o e teve relações sexuais com ele. Sua intenção era ejacular seu esperma dentro do corpo de Hórus, mas Hórus o enganou e o fez ejacular em sua mão, capturou o sêmen dele e jogou no rio para que ninguém pudesse dizer que Set o havia fecundado. Então, Hórus ejaculou secretamente seu próprio sêmen num pé de alface, que era o alimento preferido de Set. Depois que Set havia comido o alface, os dois foram novamente perante os deuses da Enéade para uma nova audiência sobre a regência do Egito. Set disse que podia provar sua superioridade sobre Hórus e chamou pelo seu sêmen. Todos esperaram a resposta, mas quando ela chegou, perceberam que ela vinha do rio, invalidando sua afirmação. Então foi a vez de Hórus, e, quando ele chamou seu sêmen, ele respondeu de dentro de Set fazendo o conselho decidir a seu favor.

Corrida de Barcos

Após oitenta anos de lutas e violência incessantes, os deuses da Enéade decidiram que o impasse seria decidido numa corrida de barcos. E, para tornar as coisas mais interessantes Set sugeriu que os dois deveriam usar barcos feitos de pedra.

Set cortou o topo de uma montanha para fazer seu barco, mas Hórus decidiu trapacear e construiu um barco de madeira e o cobriu com uma pasta de calcário para que parecesse pedra.

Os deuses se reuniam às margens do Nilo para assistir à corrida. Set chegou ao local da largada e atirou seu barco que ele afundou instantaneamente fazendo com que os deuses explodissem em gargalhadas.

Envergonhado e furioso, Set se transformou novamente num hipopótamo e atacou Hórus em seu barco. Os dois lutaram intensamente, mas Hórus logo tomou vantagem. Esteve prestes a matar seu inimigo, mas os outros deuses o impediram e decidiram encerrar a disputa decretando o empate entre os combatentes.

Muitos dos deuses simpatizavam com Hórus, mas sentiam certo receio pelo modo como ele havia se enfurecido com o ato de bondade de Ísis e estavam incertos sobre apoiá-lo completamente. Eles decidiram escrever uma carta a Osíris no submundo para pedir conselhos. Hórus ofereceu-lhe, como tributo, seu olho mágico. Osíris respondeu sem sombras de dúvidas que seu filho, Hórus, era o verdadeiro Rei. Ninguém, segundo ele, deveria tomar o trono do Egito através do assassinato. Set havia matado Osíris, mas Hórus não matara ninguém e era a melhor escolha.

Assim, ficou decidido, depois de muita luta, que Hórus era realmente o rei de Kemet, e Set finalmente aceitou abrir mão do reinado, não por que havia perdido as batalhas, mas por que a Lei dos deuses havia falado.

Amarrando as duas Terras


Os gêmeos Hapi amarrando as terras
Os faraós do Egito eram comumente referidos como sendo "Senhor das Duas Terras" e existem várias imagens mostrando o faraó e sua cópia num ato simbólico de "amarrar" as duas terras que, segundo alguns,

Segundo alguns, as duas terras são o Alto e o Baixo Egito (sul e norte respectivamente). Mas há quem interprete essa "amarração" de outra forma. Para alguns isso representa a união de dois lados opostos, o fim do conflito entre diferentes aspectos da vida e o início da harmonia.

Hórus e Set no ato simbólico de
 "amarrar as duas terras".
A representação mais comum do ato de amarrar as duas terras era a imagem dos deuses gêmeos Hapi que, apesar de terem um só nome, eram duas entidades que representavam a fertilidade que as águas do Nilo propiciavam naquelas terras em oposição à aridez das terras distantes do rio. Eles eram representados como homens azuis (referência às águas). Seus cabelos eram verdes e deles nasciam plantas e flores. Os dois possuíam uma barriga protuberante (simbolizando a plenitude fértil das colheitas por vir) e possuíam um único seio.

Há uma imagem que mostra Hórus e Set realizando o ritual de amarrar as duas terras, o que simboliza o fim de sua guerra e o início de uma convivência pacífica entre esses dois elementos conflitantes. Este elemento do mito reforça o fato de que Set não representava as forças do caos, pois ele aceitou a derrota assim que ela foi proferida pelos seus semelhantes, tamanho era seu respeito pela Lei.


Um comentário:

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